terça-feira, janeiro 09, 2007

"As Pequenas Memórias", de José Saramago

Eis que chega ao blog a primeira crítica literária (o que vale é que nesta altura do campeonato, quase qualquer coisa que faça é sempre uma estreia).

Acabei recentemente de ler As Pequenas Memórias, de José Saramago. Como o nome indica, o livro trata de alguns episódios que marcaram os primeiros anos da vida de José Saramago, sobretudo nas décadas com início em 1920 e 1930.

Ainda que não sejam relatados factos que causem propriamente grande excitação ao leitor, o estilo de escrita do senhor é bastante agradável e só por si vale a pena que se leia o livro até ao final (também são só cerca de 150 páginas). Por outro lado, apesar de ser de leitura fácil, a escrita é bastante cuidada e tenho mesmo que confessar que me vi forçado a ir ao dicionário algumas vezes (ignomínia - grande desonra, afronta pública; uxoricida - aquele que matou a própria esposa).

Deixo abaixo algumas citações do livro que achei curiosas:

“Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque nesse momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queira chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos.”

“...na minha frente, entornando leite sobre a noite e a paisagem, havia uma lua redonda e enorme, o branco mais refulgente onde o luar batia em cheio, e por contraste, o negro mais espesso nas sombras. Não tornaria a ver uma lua assim.”

“É um homem como tantos outros nesta terra, neste mundo, talvez um Einstein esmagado sobre uma montanha de impossíveis, um filósofo, um grande escritor analfabeto. Alguma coisa seria que não pôde ser nunca.”

1 comentário:

Anónimo disse...

De "Samuel - O moçoilo" para Saramago... ora bem... merece um comentário!!