quarta-feira, março 19, 2014

Ainda os árbitros: análise ao impacto dos erros graves de arbitragem


O seguinte exercício não é da minha autoria (obrigado Claudio!) mas assenta em pressupostos e num racional que me parecem bastante razoáveis. Como tal resolvi expô-lo aqui.

Depois disto, que tal deixarmos de falar de arbitragem? Como diz um certo movimento, BASTA!!!
 
Exercício Analítico e Reflectivo Sobre o Impacto de Erros Graves de Arbitragem

1. Pressupostos Base:
  • 46+48 minutos tempo jogo total = 94 minutos
  • 50% tempo útil jogo = 47 minutos
  • 50% posse bola útil de cada equipa = 23.5 minutos
  • 30seg por jogada = 47 jogadas possíveis

2. Cenários:
  • Cenário A – 1 Erro Grave do Arbitro (penalty /fora jogo/golo anulado):
          1/47 = 2,12% (1 jogada invalidada por erro grave do árbitro, em 47 existentes)
  • Cenário B – 2 Erros Graves do Arbitro (penalty /fora jogo/golo anulado):
          2/47 = 4,26% (2 jogadas invalidadas por erro grave do árbitro, em 47 existentes)
  • Cenário C – 3 Erros Graves do Arbitro (penalty /fora jogo/golo anulado):
         3/47 = 6,38% (3 jogadas invalidadas por erro grave do árbitro, em 47 existentes)
  • Cenário D – 4 Erros Graves do Arbitro (penalty /fora jogo/golo anulado):
        4/47 = 8,51% (4 jogadas invalidadas por erro grave do árbitro, em 47 existentes)

3. Conclusões:

a. No cenário D, com 4 erros graves do árbitro a prejudicar uma determinada equipa, é possível verificar que esses 4 erros representariam menos de 9% das jogadas; ficando 91,50% das restantes jogadas da equipa sujeitas a uma finalização eficaz

b. No cenário A, com 1 erro grave do árbitro a prejudicar uma determinada equipa, é possível verificar que esse erro representaria +/-2% das jogadas; ficando 98%(!!!) das restantes jogadas da equipa sujeitas a uma finalização eficaz

c. Se fizermos um exercício de quantificarmos por jogo o número de situações sujeitas a avaliação do árbitro (contactos legais e ilegais, fora de jogo, foras e cantos, condutas, etc), chegaremos facilmente à conclusão que este atingirá facilmente mais de 100; por outro lado, se quantificarmos a quantidade de oportunidades flagrantes de golo ou de defesa poderemos verificar que um avançado e/ou guarda-redes poderão ter até 10 situações de importância fundamental num jogo

d. Existe uma clara falta de pragmatismo nas análises dos jogos de futebol, pois frequentemente na nossa sociedade é possível assistir a 3 programas dedicados ao futebol (3h semanais com 9 personalidades destacadas da sociedade), 3 jornais diários, 99% dos aficionados, a debaterem 1 erro do árbitro como sendo a causa da perda de pontos e/ou jogo de uma determinada equipa, em que este erro poderá representar apenas 2% das jogadas dessa equipa, e em que esse mesmo erro poderá significar 1% de ineficácia do árbitro contra até 100% de ineficácia de algum avançado e/ou guarda-redes. Considero que seria mais produtivo analisar e debater 98% das jogadas que representariam as variáveis controláveis pelas próprias equipas através da análise do comportamento táctico / técnico / disciplinar dos treinadores – jogadores – equipas;

e. Concluo ainda que apesar da objectividade dos números em causa, e perante a possibilidade de uma forma objectiva se proceder a uma avaliação da competência dos principais intervenientes deste desporto (treinadores e jogadores), e consequentemente da competência de uma gestão global de um clube, e por último de um campeonato; nós portugueses, escolhemos a discussão da subjectividade de decisões de uma pessoa, que na realidade pode apenas ter tido um erro, tendo esse erro um peso residual na totalidade do jogo;

f. Quando conseguirmos retirar a cabeça da areia, poderemos talvez olhar para a realidade com alguma objectividade e perceber que só assim poderemos definir medidas concretas para alterar o estado de algo;

g. Por último, considero que são três as principais variáveis/dimensões neste desporto:
  1. Arbitragem (erro e/ou mérito na justeza da decisão) – fora do controlo de uma equipa;
  2. Sorte, que apesar de não estar directamente relacionada com mérito, a história do futebol ensina-nos que quanto mais a procurarmos maior a probabilidade de a alcançar;
  3. Mérito desportivo, ou existe ou não existe, desde um tipo de jogo espectacular com eficácia aliada, até às formas mais calculistas ou tácticas de o atingir.
Destas três variáveis, e apesar de considerar que um campeão, normalmente as reúne todas, a do mérito desportivo é inquestionavelmente a mais importante!!! 
Regra Geral, no final do campeonato é a melhor equipa (a equipa mais eficiente) que ganha.

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